VOVÔ DE PRIMEIRA VIAGEM
Por Rogeriano Cardoso (*)

Ser pai, ser avô, ser filho. A pouco mais de um ano, perdia o meu pai, um homem guerreiro e lutador, para um trágico acidente de trabalho. Tenho a certeza de que seu Rogério iria adorar a notícia de ser bisavô. Hoje sou eu. Homem que sou, graças a meu pai e a minha mãe, mulher guerreira que, de braços abertos me aceitou de volta à sua humilde moradia após morar só por mais de uma década. Viúva, mãe de cinco filhos homens e avó de 13 netos (sete meninas e seis meninos) agora será bisavó.
A surpreendente notícia de que um neto está chegando causa certo desespero e medo aos pais dos jovens "grávidos" por acharem que os filhos ainda não estão preparados para cuidar - tanto emocionalmente, quanto financeiramente - do bebê.E posso dizer que, até certo ponto, a análise faz sentido. Mas neste momento, quero apenas compartilhar com os amigos a alegria que estou sentindo em saber que, agora confirmado, serei vovô de uma menininha. Alicia é minha primeira netinha e estou muito feliz.
Respiro profundamente e penso como tudo passa rápido demais. Parece que foi ontem quando vi o meu filho pela primeira vez, há 16 anos. Lembro-me do parto, dos meus "medos", "ansiedades" e "angústias", mas imensamente da alegria que foi o nascimento de Roger. Uma forte emoção que jamais esquecerei.Minha neta, filha de meu filho mais velho, que ainda é uma criança. Agora, prestes a se tornar pai, está formando a sua família. Neta é uma emoção única. Uma alegria inexplicável. Uma expectativa nova dia a dia.
E eu, vovô de primeira viagem, inicio a caminhada por essa nova e longa etapa de minha vida. Uma etapa que espero ser maravilhosa, tão esperada e desejada e já vem recheada de novos sentimentos e de tantos outros que ainda vou descobrir. "Sempre escutamos que ser avô é ser pai pela segunda vez, porém com mais sabedoria e experiência, e menos obrigações e cobranças". E eu concordo plenamente com essa frase. Ser avô pela primeira vez será um marco definitivo em minha vida e vou querer curtir muito cada momento. E já prometo aqui ser um vovô bem coruja, daqueles que deitam, rolam e brincam muito.Roger Juneor, o futuro papai é fruto de um casamento que durou apenas três anos. Já o caçula Davi Soares, de quatro anos, futuro titio, veio de um relacionamento relâmpago. É inegável afirmar que ambos são os amores da minha vida.
Diz o ditado que, se conselho fosse bom, não se dava, vendia. Mas não foi por falta de conversa, orientações dos pais, avós, tios e primos, que nos tornamos "papai" e "vovô". E não gosto de ficar reclamando das adversidades da vida, pois tenho a certeza de que tudo acontece em seu devido momento.Saber que serei vovô é ter a certeza de que o amor que eu plantei um dia continuará dando frutos; de que este amor se reproduz para dar continuidade à vida em sua constante evolução. E posso dizer de coração aberto que o milagre da continuidade da vida é simplesmente maravilhoso. Por isso, me sinto muito grato por estar vivendo este milagre.
(*) Jornalista, narrador esportivo e vovô