Mulher dá à luz a um bebê com hidrocefalia em Capitão Enéas

Uma mulher de 26 anos deu à luz a um bebê com hidrocefalia congênita dentro de uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel e Urgência (Samu), na madrugada desta terça-feira (20), em Capitão Enéas, no Norte de Minas. A mãe e a criança do sexo masculino apresentaram complicações após o parto e precisaram ser transferidos para Montes Claros.
Segundo a Técnico de Enfermagem, Mônica Abreu Mota, que realizou o parto acompanhada por um condutor socorrista, eles foram acionados às 1h37 e imediatamente foram até a casa, no Bairro Santo Antônio.
"Fomos acionados para trabalho de parto de Áurea Rodrigues Silva no qual foi realizado normalmente o pré-natal e foi verificada a hidrocefalia congênita. Ela disse que teve sangramento na noite anterior e hoje apresentou uma piora, rapidamente a direcionamos ao hospital. Ela relatou que era a segunda gestação dela e ao chegar na porta, o feto estava coroando, que é a nomenclatura que usamos para dizer que a criança está nascendo, já com a cabecinha para fora. Nós observamos a coroação fetal, entramos e o menino nasceu no hospital, após o parto, um médico assumiu os dois", relata.
O tempo de acionamento, deslocamento da equipe e parto durou cerca de 20 minutos e o menino nasceu com 2.850 gramas, no entanto, após o nascimento, o médico verificou que a criança apresentava dificuldade respiratória e a mãe continuava com sangramento e, por isso, os dois precisaram ser transferidos.
"Após eles serem avaliados, nós realizamos a transferência dos dois para a Santa Casa de Montes Claros. Nós saímos do hospital por volta de 3h20, até o momento da transferência os dois estavam em estado estável", diz a técnica em enfermagem.
Mônica Mota, ressalta a peculiaridade de cada parto e a sensação após o dever cumprido. "Cada parto é diferente, eu até pensei que seria um pouco difícil pelo quadro do paciente, porque ela tinha informado que tinha problema congênito e ficamos receosos, mas foi tudo tranquilo, foi um milagre. Nós não colocamos o nome da criança na ficha de RM porque os pais ainda não haviam decidido o nome", afirma.
Segundo a assessoria de comunicação da Santa Casa, mãe e filho passam bem e o estado de saúde deles é estável.
HIDROCEFALIA CONGÊNITA
Hidrocefalia é uma condição que se caracteriza pelo acúmulo do líquido cefalorraquidiano nos ventrículos cerebrais (cavidades intercomunicantes localizadas em áreas do encéfalo) e no espaço subaracnoide entre as membranas aracnoide e pia-mater das meninges. Esse acúmulo pode ser causado por um desequilíbrio entre a produção e a reabsorção do líquido cefalorraquidiano ou por algum tipo de obstrução que impeça sua circulação e drenagem. O excesso retido faz os ventrículos cerebrais dilatarem, o que pode provocar compressão e danos nas estruturas encefálicas.
A hidrocefalia pode ser classificada de acordo com a causa do distúrbio:
• Hidrocefalia obstrutiva ou não comunicativa - quando há um bloqueio no sistema ventricular que impede a circulação do líquido cefalorraquidiano pelo encéfalo e medula espinhal. O estreitamento do canal que liga o terceiro ao quarto ventrículo cerebral (estenose do aqueduto de Sylvius) é a causa mais comum da hidrocefalia congênita.
• Hidrocefalia não obstrutiva ou comunicativa - o LCR circula livremente. No entanto, a reabsorção na corrente sanguínea pode não ocorrer na proporção adequada ou, num número menor de casos, a produção do fluido é excessiva. Sangramentos intracranianos no espaço subaracnoide são causa frequente desse tipo de hidrocefalia.
• Hidrocefalia de pressão normal idiopática (HPNI) - sem causa definida, é mais comum nos idosos. O líquido cefalorradiquiano, que não é reabsorvido, fica retido nos ventrículos cerebrais que aumentam de tamanho e comprimem as estruturas encefálicas sem alterar os níveis da pressão intracraniana.