‘OITO DE PAUS’ FORA DO BARALHO

23/02/2019

Suspeito de matar delegado na Bahia
morre em confronto com a polícia

O homem suspeito de sequestrar e matar o delegado Marco Antônio Torres, no ano passado, na região da Chapada Diamantina, na Bahia, morreu em confronto com a polícia na madrugada da última quinta-feira (21). Todo o desfecho se deu após apurações de policiais da Delegacia de Investigações Especiais da Polícia Civil de Montes Claros, cordenadas na epoca pelo delegado Herivelton Ruas Santana, hoje delegado Regional da 1ª DRPC. No mês de maio de 2018, eles efetuaram a prisão de um dos principais suspeitos do assassinato do delegado.

Guilherme Silva Fraga, de 27 anos, suspeito de ter participação em sequestro, roubo a banco e no assassinato do delegado, foi preso no Bairro Sagrada Família, em Montes Claros, onde morava sozinho, sem levantar suspeitas de envolvimento com o crime.

CONFRONTO

O segundo suspeito foi morto durante uma troca detiros com a polícia. De acordo com informações da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), Amauri Francisco de Sousa, conhecido como "Babá", era representado pelo 'Oito de Paus' do Baralho do Crime, e foi localizado durante uma operação conjunta feita no município de Utinga, também na Chapada Diamantina.

Segundo a SSP, o suspeito estava com um comparsa, identificado como "Van do Cocau", em uma região de mata, na zona rural da cidade. Ao perceber a aproximação dos policiais, a dupla atirou contra os policiais e foi ferida. Os dois chegaram a ser socorridos e levados para o Hospital Municipal de Utinga, mas não resistiram aos ferimentos, informou a Secretaria de Segurança Pública.

Com os suspeitos foram encontrados uma espingarda e uma escopeta, ambas de calibre 12, um revólver calibre 38, uma pistola calibre 9 milímetros, de uso restrito, e munição de diversos calibres.

"Babá" mantinha acampamento e cultivava uma roça de aproximadamente 12 mil pés de maconha no local, informou o órgão de segurança. No alojamento, que funcionava como esconderijo, a dupla tinha chuveiro elétrico, wifi e uma geladeira bem abastecida, segundo a SSP.

Ainda conforme a secretaria, além de sequestro, "Babá" tinha outros seis mandados de prisão em aberto por associação criminosa, homicídio qualificado, tráfico de drogas, extorsão mediante sequestro, roubo e porte ilegal de arma. Ele também era investigado por um triplo homicídio ocorrido na cidade de Souto Soares. Já "Van do Cocao" tinha um mandado de prisão preventiva em aberto.

DELEGADO HERIVELTON RUAS

Guilherme Silva Fraga

De acordo com o Delegado Regional Herivelton Ruas Santana, o serviço de inteligência constatou na época que Guilherme Fraga teve dois telefones celulares com o CPF do nome do presidente da República, cujo nome completo é Michel Miguel Elias Temer Lulia. O primeiro deles foi cadastrado em uma operadora na Bahia, em área de DDD "77" e foi encontrado durante as investigações em anotações que pertenciam ao suspeito da morte do delegado e de assaltos a bancos.

"Em Montes Claros, encontramos uma agenda com o nome completo e com o CPF do presidente Michel Temer. Também foi localizado um outro telefone celular cadastrado em nome do presidente da República", informa Herivelton Ruas.

O delegado acredita que o marginal pode ter usado o nome e o CPF de Michel Temer para cadastrar os telefones celulares a fim de dificultar as investigações, buscando "blindar" os aparelhos de medidas judiciais para escutas ou interceptações.

"Acho que a intenção é que, se fosse pedida uma interceptação do telefone na Justiça, quando percebesse que o aparelho estava registrado em nome do presidente da República, o juiz ficasse impedido de tomar a decisão (pela interceptação), pois o presidente tem foro privilegiado e, neste caso, a medida somente poderia ser adotada com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF)", afirmou Herivelton Ruas.

O policial disse ainda que não se sabe como o suspeito Guilherme Fraga conseguiu o número do CPF de Michel Temer e cadastrou telefones celulares em nome do presidente da República. "Isso mostra uma certa fragilidade das operadoras e do próprio sistema de controle", avalia Herivelton Ruas. "Devemos lembrar que o presidente, como consumidor, pode ter feito compra em qualquer loja e fornecido o CPF", acrescenta delegado.

Conforme o delegado, Guilherme Silva Fraga é natural de Montalvânia (extremo Norte de Minas). Uma curiosidade é que o pai dele é vigilante de uma agência do Banco do Nordeste em Montalvânia.

© 2018 Rogeriano Cardoso. Zap: 99117-2042 - Email: rondacidade@gmail.com
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